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O que nos diz Joan W. Scott?

Joan W. Scott sempre a nos tirar do lugar confortável e fazer entender que o conceito de género é algo orgânico e dinâmico, em constante transformação. 

Joan W. Scott, no texto “Os usos e abusos do género”, aborda de maneira crítica a evolução e a complexidade do conceito de género, para desvendar suas multifacetadas interpretações e implicações sociais. Ela reflete sobre sua própria jornada intelectual em relação ao assunto, destacando que inicialmente considerava a questão do gênero como algo resolvido, para posteriormente reconhecer sua contínua relevância e complexidade.

Um ponto de virada em sua perspectiva foi a controvérsia na França sobre a inclusão de questões de género nos currículos escolares. Esta situação ressaltou a importância do género como um foco de atenção política e social, mostrando que o entendimento do que significa ser homem ou mulher continua a ser um tema em discussão.

Neste texto, Scott destaca a origem do conceito de género nas lutas feministas dos anos 1970, onde foi empregado para desafiar a ideia de que a anatomia feminina determinava o destino das mulheres. Essa perspectiva situava os papéis de gênero como construções sociais e não como consequências biológicas, realçando a desigualdade e o poder como componentes centrais da análise de género.

Além disso, Scott observa que, apesar de género ter sido um termo associado principalmente às mulheres, ele evoluiu para incluir um espectro mais amplo de questões sociais e culturais. Este desenvolvimento reflete a mudança nas dinâmicas sociais e a crescente conscientização sobre a complexidade do género, além das simples categorizações de masculino e feminino.

Scott também aborda a distinção entre género e sexo, salientando que, enquanto o sexo se refere a diferenças anatomicas, o género se relaciona com os papéis sociais e culturais atribuídos a esses corpos sexuados. Este entendimento destaca a natureza construída dos papéis de género e desafia concepções essencialistas baseadas unicamente em biologia.

O conceito de género é defendido por Scott como um termo sociológico útil, ela destaca sua relevância na compreensão de papéis sociais, vantagens e desvantagens econômicas e políticas, sem necessariamente se basear em orientações sexuais ou comportamentos sexuais, que são vistos como questões separadas.

Finalmente, Scott enfatiza que o género é um conceito em constante evolução e aberto a interpretações, e não uma questão fechada ou resolvida. Ela argumenta que o género deve ser usado como uma ferramenta para analisar como as sociedades e culturas lidam com a complexidade das relações entre os sexos, desafiando assim visões estabelecidas e abrindo espaço para novos entendimentos e políticas. Essa abordagem reconhece a interação dinâmica entre imaginação, regulação e transgressão nas várias sociedades e culturas, sublinhando a importância de considerar o género como um conceito aberto e perpetuamente em disputa.

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